Em tempos de frio, falar de calefação é totalmente conveniente, porém não é por este motivo que resolvemos abordar o assunto.
Aqui na Nesta, desde que iniciamos um projeto, ou melhor, ainda antes, no briefing com o cliente, uma das perguntas que fazemos é sobre qual sistema ele quer usar.
Perguntinha fácil, resposta difícil. Existem muitas opções no mercado e você não precisa escolher só uma, sabia?
Antes de avançarmos, é importante esclarecer o significado de calefação: de forma simples, calefação residencial é o aquecimento de um local fechado de forma rápida e segura. O sistema pode ser central (instalado em um ponto fixo da residência) ou local (equipamento instalado em que aquece um ambiente específico).
Atualmente há várias fontes de energia para serem utilizadas: sistemas elétricos, à lenha, solar, à pellet e à gás. Dentro destas opções, ainda temos uma variedade de equipamentos: lareira à lenha, lareira à pellet, lareira à álcool, radiador elétrico, radiador hidráulico, ar condicionado, piso aquecido elétrico, piso aquecido hidráulico, estufa a gás, estufa a óleo, estufa elétrica, fogo de chão… ops, brincadeirinha. 😛
Com todas essas opções, você saberia qual delas escolher? Provavelmente não… Mas é por isso que estamos aqui falando sobre este assunto.
Acredite, apesar de ser um assunto bastante técnico, a escolha do sistema de aquecimento de uma casa tem um viés bem pessoal. Tem pessoas que amam colocar aquela lenha na lareira, outros tem horror à sujeira que ela faz e não querem fazer aquela forcinha pra carregar toras de um lado para o outro.
Alguns não suportam o vento quente do ar condicionado e outros não abrem mão dele pois é versátil e aquece o ambiente rapidamente.
Por isso, quando conversamos com o cliente sobre este assunto a conversa normalmente se estende e, no caso dos mais indecisos, o projeto dá uma “travadinha” pois é preciso de tempo para conhecer as vantagens e desvantagens de todos os sistemas, conversar com fornecedores, visitar lojas e fazer orçamentos.
Vamos falar um pouco sobre cada um deles e como eles impactam no projeto e no orçamento:
A mais conhecida e rústica, para quem gosta e tem tempo de cuidar do fogo. Este modelo tem ótimo rendimento, porém deve ser executado por profissionais experientes e seguir um projeto detalhado para que não tenha problemas de voltar fumaça no ambiente ou de perda de calor. É indicada para espaços abertos e integrados, mas nos cômodos mais distantes, pode não aquecer muito bem, precisando de um complemento.
Considerada a opção mais sustentável, é alimentada com pellets, que é considerada uma fonte de energia renovável. É um combustível sólido em formato de granulado que é feito a partir de resíduos prensados de madeira proveniente de florestas renováveis. Promete eliminar a fumaça e a sujeira da lenha, sem perder o charme do fogo.
Geralmente tem controles eletrônicos e pode ser automatizada – você programa um horário para ela ligar e “plin”! quando chega em casa ela está quentinha te esperando. Importante mencionar que ela possui uma chama de tamanho reduzido, comparada aos calefatores a lenha, mas nem por isso tem menos potência de aquecimento.
Utiliza álcool etanol como combustível e não emite cheiro nem fumaça, por isso não necessita de chaminé. Sua instalação é simples, e pode ser usada tanto em área interna como externa. Por consumir oxigênio e emitir CO e CO2, é importante ter o ambiente minimamente ventilado. Seu rendimento é considerado razoável, mas deve ser dimensionada por empresas especializadas.
Modelo de calefação mais conhecido e utilizado, é um sistema de aquecimento central que utiliza dutos de água quente que circulam por toda casa até chegar em um radiador instalado no ambiente. A água é aquecida por um boiler ou caldeira que pode ser a gás (mais utilizado) ou outras fontes de energia, como solar e elétrica. É um sistema muito eficiente e confortável, porém o custo de instalação e manutenção é mais alto que outros sistemas.
Ainda pouco conhecido na nossa região, é um modelo que apresenta ótimo rendimento, é discreto, elegante e com consumo parecido com o do ar condicionado. A vantagem é que não tem aquele ventinho circulando e é completamente silencioso. Ele pode ser pendurado na parede ou com rodízios para ter mobilidade.
Como as lareiras à pellet, o radiador elétrico pode ser programado para ligar e desligar, e sua potência é dimensionada conforme o tamanho do ambiente. Da categoria dos aquecedores locais, é uma ótima opção para aquecer um ambiente menor com qualidade e conforto.
Imagem: Portal Energia
Também conhecido como Split, muito prático e de rápido aquecimento, é um sistema que, diferente de todos os outros, pode ser utilizado no inverno e no verão. O sistema tipo inverter quente e frio possui também grande eficiência energética. Para alguns, apresenta um pequeno inconveniente, que é o vento, o que pede uma avaliação cuidadosa na hora de escolher o melhor local para instalar. Para mais informações sobre consumo e especificidades do sistema, leia este texto!
É considerado o mais confortável pois distribui o calor uniformemente pelo ambiente através de serpentinas no piso. Pode ser hidráulico e elétrico, sendo que no primeiro sua energia vem de um sistema de caldeira muito similar à calefação com radiador hidráulico. Outra vantagem deste sistema é que o piso fica quentinho, proporcionando uma sensação muito agradável e como o calor irradia a partir do chão, passa por todo ambiente até chegar ao forro. A desvantagem deste tipo de sistema é a demora para aquecer ambientes maiores ou com pé direito duplo.
Todas estas opções são válidas e eficientes. Cabe mesmo analisar qual ou quais delas atende melhor às demandas de cada cliente e de cada casa. Dependendo do projeto ou se é um apartamento por exemplo, algumas opções ficam mais restritas.
Aqui na Nesta, procuramos combinar sistemas com eficiência energética e conforto. Por isso sempre analisamos a fonte de energia e o consumo esperado ao especificar esse conjunto de sistemas. E sempre que utilizamos sistemas elétricos, avaliamos junto com o cliente a possibilidade de gerar sua própria energia como estratégia de redução de consumo, ao longo de toda a vida útil da casa.
Como trabalhamos com o sistema light steel frame, imagino que possam estar se perguntando se muda alguma coisa em relação às casas de alvenaria: absolutamente nada. Todos estes sistemas podem ser usados em casas de steel frame, com algumas peculiaridades na instalação.
Por exemplo, passar uma tubulação de calefação durante a obra é muito mais simples pois as paredes ficam abertas. No caso da lareira convencional, ela é revestida com tijolos refratários sobre uma placa cimentícia e, dentro na parede, é colocada lã de rocha. O piso aquecido é executado da mesma forma que nas obras convencionais, com aplicação sobre o contrapiso de concreto.
Enfim, tanto em casas de alvenaria quanto de steel, o que importa realmente é adequar o sistema às suas necessidades e isso deve ser feito na etapa inicial do projeto, a qual chamamos de definição. É nela que analisamos todas as questões relacionadas ao sistema de calefação e definimos qual será usado para que possamos prever as instalações no momento adequado à etapa da obra, sem precisar fazer arranjos depois.
Não esqueça: procure sempre a assessoria de um profissional especializado, tanto da arquitetura quanto de fornecedores específicos, e você não terá inconvenientes durante a obra e terá sua casa quentinha sempre que precisar.
Deise De Conto é Arquiteta e Urbanista, Especialista em Reabilitação Ambiental Sustentável, atua na área de projetos desde 2000.
Fontes de pesquisa: Central das Lareiras