Revestimentos, o que considerar antes de comprar

Digamos que você está construindo ou reformando sua casa e precisa escolher o melhor revestimento para os ambientes, você saberia por onde começar? Indo até a loja, é claro! 

Na verdade não é bem assim. Existem diversos critérios que devemos levar em consideração antes de escolher os revestimentos mais adequados para cada uso como estética, limpeza, manutenção, qualidade e preço.

Mas fica tranquilo que neste texto vamos te explicar direitinho e deixar você pronto para ir correndo escolher o seu.

 

Escolhendo por ambiente

Normalmente quando entramos na loja, vamos logo olhando os mais bonitos e que nos agradam mais na questão estética. Sim, ela é muito importante, mas não deve ser o único critério de escolha. Antes disso, devemos definir o tipo de piso adequado ao uso de cada ambiente, por exemplo:

Na garagem precisamos de maior resistência, um piso mais áspero e, de preferência, mais escuro.

Imagem: https://www.decorfacil.com

Na cozinha a manutenção deve ser facilitada usando cores mais claras e superfície lisa, principalmente na parede. Também são mais adequados revestimentos lisos, com junta seca (o rejunte bem fininho) para  facilitar a limpeza.

Imagem: Shutterstock

Já para nos banheiros e lavabos, podemos ousar com cores mais escuras, principalmente no piso, para não aparecer qualquer fio de cabelo que cair e não ficarmos reféns da faxina. Nas paredes, cores claras ajudam a ampliar o ambiente e pedras grandes facilitam a manutenção dentro do box, por terem menos rejunte. Quanto à resistência, não tem necessidade de ser muito alta.

 

Imagem: Portinari

Para escolher cores e estilo, cabe buscar referências em outros projetos ou em fornecedores para não pirar! O mercado nos oferece opções de pisos foscos, esmaltados, lisos, com ranhuras, 3D ou que imitam madeira e pedras. Acredite, a variedade é imensa e até a gente que é profissional, tem dificuldade de escolher.

 

Critérios e certificações

Outra questão fundamental é a resistência do piso. Você já ouviu falar de PEI? Eu explico: os revestimentos cerâmicos são classificados segundo um teste de resistência que indica os ambientes mais adequados para sua aplicação. Essa classificação é conhecida como Índice PEI, e todas as cerâmicas de qualidade devem ter a PEI gravada na embalagem indicando o local de uso.

  • PEI 1: Produto recomendado para ambientes residenciais onde se caminha geralmente com chinelos ou pés descalços. Exemplo: banheiros e dormitórios residenciais sem portas para o exterior.

  • PEI 2: Produto recomendado para ambientes residenciais onde se caminha geralmente com sapatos. Exemplo: todas as dependências residenciais, com exceção das cozinhas e entradas.

  • PEI 3: Produto recomendado para ambientes residenciais onde se caminha geralmente com alguma quantidade de sujeira abrasiva que não seja areia e outros materiais de dureza maior que areia (todas as dependências residenciais).

  • PEI 4: Produto recomendado para ambientes residenciais (todas as dependências) e pequenas áreas comerciais com médio tráfego.

  • PEI 5 (mais resistente): Produto recomendado para ambientes residenciais e comerciais com tráfego muito elevado. Exemplo: restaurantes, churrascarias, lanchonetes, lojas, bancos, entradas, corredores, exposições abertas ao público, consultório, outras dependências.

Outro critério de classificação, agora com relação à qualidade do produto, está definido na norma brasileira NBR 13.818/97 – Placas Cerâmicas para Revestimentos:

  • Tipo A – Extra: quando 95% (ou mais) das peças não apresentarem defeitos visíveis na distância de até 1m;

  • Tipo C – Comercial: os defeitos são visíveis de 1m a 3m de distância – não possui garantia técnica;

  • Tipo D – Refugo: os defeitos são visíveis acima de 3m de distância – não possui garantia técnica;

Já falamos de estética, padrões, resistência, qualidade, mas e o preço? Quando ele deve ser um fator chave de decisão?

Felizmente, por termos grande variedade de marcas e estilos, temos também muita variação de valores, sem comprometer significativamente a qualidade. O custo de um piso de cor neutra, liso, com PEI abaixo de 2 pode variar, por exemplo, de R$ 50,00 até R$ 200,00 por metro quadrado. Neste caso, depois de levar em conta todos os critérios técnicos, o que vai pesar na balança é a beleza e o preço. Aqui, ninguém melhor do que você para decidir. 

Existe um critério de escolha que consideramos muito importante, mas que nem sempre é levado em conta: a escolha do fabricante e da procedência do produto que você está comprando pode representar um grande impacto no meio ambiente, sabia?

O processo de produção de um revestimento cerâmico envolve alto consumo de água e geração de resíduos que, se não devidamente gerenciados, podem deixar um triste legado para as futuras gerações. 

No caso de profissionais preocupados com sua responsabilidade ambiental, este é um fator chave para a escolha de fornecedores, que complementam as questões estéticas e funcionais. 

Felizmente, as grandes empresas do ramo estão cada vez mais implementando boas práticas de sustentabilidade e atendendo às leis ambientais, além de desenvolverem produtos que pontuam para certificações internacionais como a LEED.

“LEED® (Leadership in Energy and Environmental Design) é um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações, utilizado em 143 países, e possui o intuito de incentivar a transformação dos projetos, obra e operação das edificações, sempre com foco na sustentabilidade de suas atuações.” GBC Brasil.org

A certificação define, entre outros, critérios para escolha de produtos e materiais que atendam aos pré-requisitos para receber a certificação. A medida que o empreendimento adquire tal ação que atenda ao pré-requisito estabelecido para aquele produto, recebe uma pontuação. Essa pontuação varia de acordo com a quantidade de pré-requisitos atendidos e classifica o empreendimento em 4 níveis:  Certified (40 à 49 pontos) Silver (50 à 59 pontos), Gold (60 à 79 pontos),  Platinum (80+ pontos).

 

Imagem: GBC Brasil

Empresas como a Incepa, Portinari, Santa Luzia, por exemplo, possuem produtos que pontuam para a certificação nos quesitos IEQ – QUALIDADE DO AMBIENTE INTERNO – Indoor Environmental Quality e IEQc4.1 – Materiais de Baixa Emissão – Pisos – Low Emitting Material – Flooring. 

No caso do IEQc4.1, pelo menos 90% de todo piso instalado, por custo ou por superfície de área, está dentro das emissões de VOC permitidas ou o produto é uma fonte inerentemente não emissora de COVs (Compostos Orgânicos Voláteis), ou atenda o critério de produtos recuperados e reusados.

Compostos Orgânicos Voláteis (VOC em Inglês) são emitidos em forma de gases a partir de certos sólidos ou líquidos. Os VOCs incluem uma variedade de químicos, que promovem problemas de saúde de curto e/ou longo prazo. As concentrações de muitos VOCs são consideravelmente maiores em ambientes internos (dez vezes maiores) do que em ambientes externos.

Escolher um revestimento poderia ser uma tarefa mais simples, mas como todas as decisões que tomamos ao construir ou reformar, esta também tem impacto significativo e de longo prazo. Pesar estética, orçamento, qualidade e sustentabilidade, é fundamental em todas as escolhas de produtos e materiais e devem ser feitas com conhecimento técnico e, se possível, antes da obra começar.

De qualquer forma, agora você está mais qualificado para fazer uma escolha assertiva, com responsabilidade, e deixar o seu lar lindo e com produtos de qualidade. 

Deise De Conto é Arquiteta e Urbanista, Especialista em Reabilitação Ambiental Sustentável, atua na área de projetos desde 2000.

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