Quando falamos em construções de secas em light steel frame, é inevitável lembrarmos de gesso acartonado. Este material, depois de muita história, ganhou espaço no mercado e hoje se apresenta como uma solução prática, para uma obra limpa e com ótimo custo-benefício.
Nas obras de light steel frame, ele é utilizado no emplacamento das paredes internas e apresenta alta resistência em composição com as placas de OSB, com resultado estético superior ao reboco.
As paredes ficam retas (sim, isso é uma característica importante de ser mencionada, já que na construção de alvenaria é pouco comum) e lisas e a textura do gesso traz uma sensação de aconchego e conforto.
Segundo a Associação Brasileira do Drywall, que é referência de conhecimento técnico, padrões de qualidade e desempenho, o Drywall combina estruturas de aço galvanizado com chapas de gesso de alta resistência mecânica e acústica, produzidas com rigoroso padrão de qualidade.
Fonte: decorfácil
O Drywall teve origem depois de dois grandes incêndios nas cidades de Chicago e Nova York, em 1871 e 1890. As construções eram de madeira, material altamente inflamável, o que tornou o evento devastador deixando muitos mortos e milhares de desabrigados.
Esses acontecimentos trouxeram a necessidade urgente de se pensar em materiais de construção. É nesse contexto que surge o drywall, material que viria a revolucionar a construção civil por ser tratar de um sistema de construção a seco, que não utiliza (ou utiliza em quantidades mínimas) água.
Fonte: vivadecora
A origem do Drywall é datada de 1888, em Rochester, Kent, Reino Unido, porém foi patenteado em 1894 nos Estados Unidos, pelo empresário americano Augustine Sackett, que registrou as chamadas placas Sackett, formadas por 4 camadas de gesso molhado dentro de quatro folhas de papel, lã e camurça.
Posteriormente, em 1910, surge então o “Gypsum Board” (Placa de Gesso) fabricado pela empresa Gypsum, que possuía bordas encapadas e substituía as duas camadas de papel camurça anteriores pelo suporte do papel acartonado e o gesso molhado pelo seco, ficando conhecido como “chapa drywall” ou “chapa parede seca”.
O sistema drywall chegou ao Brasil em 1970, por iniciativa do médico Roberto de Campos Guimarães, que fundou em Petrolina, PE, a Gypsum do Nordeste. A partir dos anos 90 se instalam no país grandes fabricantes mundiais com sede na Europa como BPB Placo, Knauf e Lafarge Gypsum.
Hoje, as principais reservas no Brasil encontram-se nas regiões Norte (Pará), Centro Oeste e Nordeste, sendo esta última a maior jazida brasileira na Chapada do Araripe, responsável por 85% da produção nacional, entre os Estados de Pernambuco e Ceará.
Atualmente, existem quatro tipos de gesso bastante encontrados no mercado: acartonado, em pó, placas e blocos. O gesso acartonado é um dos tipos mais requisitados na construção civil.
(Fonte: decorfacil)
Fonte: acervo. Isolamento com lã de pet
Fonte: acervo. Instalações elétricas e hidráulicas nas paredes de steel frame antes de receber o emplacamento com gesso acartonado
Fonte: acervo. Lavabo com paredes de gesso acartonado revestidas com cerâmica e papel de parede.
Essa bandeira a gente levanta e tem grande relevância para nossos projetos e obras, e está presente em todas as escolhas que fazemos. (Leia até o final para ver o uso desse material em nossas obras!). A sustentabilidade do gesso se apresenta na possibilidade de reciclagem e no correto descarte dos resíduos.
No entanto, há necessidade de realizar a gestão destes resíduos assim como de muitos outros materiais empregados no canteiro de obra. buscando acompanhar as exigências da legislação ambiental brasileira, redução dos custos de produção, de destinação de resíduos e, o mais importante, o menor uso de recursos ambientais.
Os resíduos de gesso são constituídos basicamente sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO3.2H2O) mais aditivos incorporados durante seu processo produtivo. A deposição em aterros sanitários comuns não é recomendada, portanto, as possibilidades de minimizar o impacto ambiental ocasionado pelos resíduos de gesso são a redução, a reutilização e a reciclagem do material.
Conforme a Associação Brasileira do Drywall, o sistema é sustentável nas quatro dimensões que definem esse conceito:
Ainda segundo a ABD, a tecnologia drywall, causa baixíssimo impacto no meio ambiente, em comparação com os sistemas construtivos tradicionais, notadamente a alvenaria.
Em primeiro lugar, gera uma quantidade de entulho muito menor, de cerca de 5% de seu peso (contra 30% da alvenaria convencional), o que facilita sua coleta e seu transporte. Além disso, seus resíduos, notadamente os restos de chapas e de perfis estruturais de aço, podem ser totalmente reciclados.
Os restos de perfis de aço galvanizado já têm soluções de reciclagem consagradas no mercado, a exemplo do que ocorre com a maioria dos metais, que podem ser facilmente reaproveitados pela indústria metalúrgica. Por outro lado, no caso específico das chapas para drywall, que são produzidas à base de gesso, podem ser reaproveitadas em três frentes: indústria de cimento, agricultura e o próprio setor de transformação de gesso.
As informações de como realizar a gestão de resíduos do gesso podem ser encontradas no manual técnico de “Resíduos de Gesso na Construção Civil – Coleta, armazenagem e reciclagem” disponibilizado para download pela Associação Brasileira do Drywall.
Buscar por materiais alternativos, mas tecnológicos, responsáveis com o meio ambiente e que possibilitem construções mais racionais e industrializadas são responsabilidade dos profissionais da construção civil, mas a demanda também pode surgir do cliente. Nossa dica para você que nos segue é: mantenha-se informado e seja curioso com relação às possibilidades de construir diferente e melhor.
Confira abaixo alguns resultados do gesso acartonado em nossas obras!
Deise De Conto é Arquiteta e Urbanista, Especialista em Reabilitação Ambiental Sustentável, atua na área de projetos desde 2000.
Fontes de pesquisa: Vivadecora | Wikipédia | Evento Anap | Drywall | Decorfácil | Drywall
SANTOS, Alex Ferreira dos. A história e origem do drywall: Drywall no mundo e no Brasil. 2018. Disponível em: <https://brasildrywall.blogspot.com>. Consultado em 15 de agosto de 2021