Saiba tudo sobre gesso acartonado

Quando falamos em construções de secas em light steel frame, é inevitável lembrarmos de gesso acartonado. Este material, depois de muita história, ganhou espaço no mercado e hoje se apresenta como uma solução prática, para uma obra limpa e com ótimo custo-benefício.

Nas obras de light steel frame, ele é utilizado no emplacamento das paredes internas e apresenta alta resistência em composição com as placas de OSB, com resultado estético superior ao reboco. 

As paredes ficam retas (sim, isso é uma característica importante de ser mencionada, já que na construção de alvenaria é pouco comum) e lisas e a textura do gesso traz uma sensação de aconchego e conforto.

  1. PERFIL METÁLICO ESTRUTURAL COM ZINCAGEM DE ALTA RESISTÊNCIA
  2. ISOLANTE TÉRMICO E ACÚSTICO
  3. OSB
  4. MEMBRANA HIDRÓFUGA
  5. PLACA CIMENTÍCIA 10mm
  6. GESSO ACARTONADO
  7. ACABAMENTO

O que é Drywall?

Segundo a Associação Brasileira do Drywall, que é referência de conhecimento técnico, padrões de qualidade e desempenho, o Drywall combina estruturas de aço galvanizado com chapas de gesso de alta resistência mecânica e acústica, produzidas com rigoroso padrão de qualidade

Construção sustentável 5 razões para usar drywall na sua obra

Fonte: decorfácil

História do Drywall

O Drywall teve origem depois de dois grandes incêndios nas cidades de Chicago e Nova York, em 1871 e 1890. As construções eram de madeira, material altamente inflamável, o que tornou o evento devastador deixando muitos mortos e milhares de desabrigados.

Esses acontecimentos trouxeram a necessidade urgente de se pensar em materiais de construção. É nesse contexto que surge o drywall, material que viria a revolucionar a construção civil por ser tratar de um sistema de construção a seco, que não utiliza (ou utiliza em quantidades mínimas) água.

Fonte: vivadecora

A origem do Drywall é datada de 1888, em Rochester, Kent, Reino Unido, porém foi patenteado em 1894 nos Estados Unidos, pelo empresário americano Augustine Sackett, que registrou as chamadas placas Sackett, formadas por 4 camadas de gesso molhado dentro de quatro folhas de papel, lã e camurça.

Posteriormente, em 1910, surge então o “Gypsum Board” (Placa de Gesso) fabricado pela empresa Gypsum, que possuía bordas encapadas e substituía as duas camadas de papel camurça anteriores pelo suporte do papel acartonado e o gesso molhado pelo seco, ficando conhecido como “chapa drywall” ou “chapa parede seca”.

Drywall no Brasil

O sistema drywall chegou ao Brasil em 1970, por iniciativa do médico Roberto de Campos Guimarães, que fundou em Petrolina, PE, a Gypsum do Nordeste. A partir dos anos 90 se instalam no país grandes fabricantes mundiais com sede na Europa como BPB Placo, Knauf e Lafarge Gypsum.

Hoje, as principais reservas no Brasil encontram-se nas regiões Norte (Pará), Centro Oeste e Nordeste, sendo esta última a maior jazida brasileira na Chapada do Araripe, responsável por 85% da produção nacional, entre os Estados de Pernambuco e Ceará. 

Tipos de gesso

Atualmente, existem quatro tipos de gesso bastante encontrados no mercado: acartonado, em pó, placas e blocos. O gesso acartonado é um dos tipos mais requisitados na construção civil. 

 
 
Gesso acartonado
 
Para o acartonado, existem 3 tipos que, no Brasil, são diferenciadas por cores e indicadas para os diferentes usos, com produto apropriado para áreas úmidas ou com necessidade de maior resistência ao fogo, por exemplo.
 
 

(Fonte: decorfacil)

 
  • Verde (RU): possui silicone e aditivos fungicidas misturados ao gesso, pois assim se torna mais adequado para a aplicação em áreas úmidas como banheiro, cozinha e lavanderia.
  • Rosa (RF): resiste mais ao fogo por causa da presença de fibra de vidro na fórmula. Por isso, é indicado ao redor de lareiras e na bancada do cooktop.
  • Branco (ST): é a variedade mais básica (Standard), amplamente empregada em forros e paredes de ambientes secos. 
Vantagens
  • Precisão orçamentária – A quantidade de placas, parafusos, perfis e isolamento, pode ser levantada e orçada com precisão. 
  • Alto rendimento e produtividade – Dois instaladores são capazes de produzir cerca de 30m² de drywall em apenas um dia. Em duas horas a parede está pronta para receber o acabamento. 
  • Isolamento térmico e acústico – Graças ao preenchimento interno com gesso, o drywall isola naturalmente mais do que a alvenaria. Porém é possível aumentar a eficiência utilizando materiais isolantes como a lã de pet ou de rocha.

 

Fonte: acervo. Isolamento com lã de pet

 
  • Versatilidade – Mudar um projeto do meio da obra ou fazer uma reforma é bem mais fácil com drywall. Diferente da alvenaria, a mudança é realizada de modo rápido, econômico, sem gerar entulho e reciclando boa parte dos materiais.
  • Praticidade e rapidez – A instalação do gesso acartonado é rápida, prática, não gera desperdício e quase não produz sujeira ou resíduos.
  • Leveza – o gesso acartonado é um material muito leve, o que o torna ideal para quem deseja reduzir o peso estrutural das fundações.
  • Instalações embutidas  as instalações podem ser feitas com as paredes abertas, sem necessidade de quebrar as paredes para abrir as canaletas.

 

Fonte: acervo. Instalações elétricas e hidráulicas nas paredes de steel frame antes de receber o emplacamento com gesso acartonado 

 

  • Acabamentos e revestimentos – As paredes de gesso acartonado podem receber qualquer tipo de revestimento, como madeira, cerâmica, papel de parede, pintura, entre outros. 

Fonte: acervo. Lavabo com paredes de gesso acartonado revestidas com cerâmica e papel de parede.

  • Pouco consumo de água – o sistema é caracterizado como “construção seca”, que significa que, por utilizar placas e estruturas metálicas em sua instalação, o gasto com água é muito pequeno. 
O gesso acartonado e a sustentabilidade

Essa bandeira a gente levanta e tem grande relevância para nossos projetos e obras, e está presente em todas as escolhas que fazemos. (Leia até o final para ver o uso desse material em nossas obras!)A sustentabilidade do gesso se apresenta na possibilidade de reciclagem e no correto descarte dos resíduos. 

No entanto, há necessidade de realizar a gestão destes resíduos assim como de muitos outros materiais empregados no canteiro de obra. buscando acompanhar as exigências da legislação ambiental brasileira, redução dos custos de produção, de destinação de resíduos e, o mais importante, o menor uso de recursos ambientais.

 

Os resíduos de gesso são constituídos basicamente sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO3.2H2O) mais aditivos incorporados durante seu processo produtivo. A deposição em aterros sanitários comuns não é recomendada, portanto, as possibilidades de minimizar o impacto ambiental ocasionado pelos resíduos de gesso são a redução, a reutilização e a reciclagem do material.

Conforme a Associação Brasileira do Drywall, o sistema é sustentável nas quatro dimensões que definem esse conceito:

  • Drywall é ambientalmente adequado: consome relativamente pouca energia para sua fabricação e na montagem gera menos resíduos totalmente recicláveis;
  • Drywall é socialmente justo: a tecnologia drywall valoriza a mão de obra envolvida em todas as fases de sua utilização, notadamente na sua montagem, elevando o padrão de renda dos profissionais envolvidos e reduzindo seu esforço físico em comparação com os métodos construtivos tradicionais;
  • Drywall é economicamente viável: as principais qualidades do drywall – leveza, rapidez de execução, precisão dimensional e geométrica e geração de resíduos mínima – proporcionam economias em todas as etapas das obras;
  • Drywall é culturalmente aceitável: drywall representa um avanço na forma de construir, pois sua execução é mais racional e inteligente e permite projetos com maior liberdade de criação.
Drywall v.s. outros sistemas

Ainda segundo a ABD, a tecnologia drywall, causa baixíssimo impacto no meio ambiente, em comparação com os sistemas construtivos tradicionais, notadamente a alvenaria. 

Em primeiro lugar, gera uma quantidade de entulho muito menor, de cerca de 5% de seu peso (contra 30% da alvenaria convencional), o que facilita sua coleta e seu transporte. Além disso, seus resíduos, notadamente os restos de chapas e de perfis estruturais de aço, podem ser totalmente reciclados.

Os restos de perfis de aço galvanizado já têm soluções de reciclagem consagradas no mercado, a exemplo do que ocorre com a maioria dos metais, que podem ser facilmente reaproveitados pela indústria metalúrgica. Por outro lado, no caso específico das chapas para drywall, que são produzidas à base de gesso, podem ser reaproveitadas em três frentes: indústria de cimento, agricultura e o próprio setor de transformação de gesso.

Fazendo a sua parte

As informações de como realizar a gestão de resíduos do gesso podem ser encontradas no manual técnico de “Resíduos de Gesso na Construção Civil – Coleta, armazenagem e reciclagem” disponibilizado para download pela Associação Brasileira do Drywall. 

Buscar por materiais alternativos, mas tecnológicos, responsáveis com o meio ambiente e que possibilitem construções mais racionais e industrializadas são responsabilidade dos profissionais da construção civil, mas a demanda também pode surgir do cliente. Nossa dica para você que nos segue é: mantenha-se informado e seja curioso com relação às possibilidades de construir diferente e melhor.

Confira abaixo alguns resultados do gesso acartonado em nossas obras!


 

Deise De Conto é Arquiteta e Urbanista, Especialista em Reabilitação Ambiental Sustentável, atua na área de projetos desde 2000.

 

Fontes de pesquisa: Vivadecora | Wikipédia | Evento Anap | Drywall | Decorfácil | Drywall

SANTOS, Alex Ferreira dos. A história e origem do drywall: Drywall no mundo e no Brasil. 2018. Disponível em: <https://brasildrywall.blogspot.com>. Consultado em 15 de agosto de 2021

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